MAKING OF

METODOLOGIA
Numa primeira fase do projeto, pretendeu-se recolher histórias sobre os acontecimentos que são considerados banais e triviais, recorrendo para isso a histórias antigas de uma família (+ ver mais informação aqui).
De seguida, deu-se forma a essas descrições recorrendo à fotografia. Inevitavelmente, esta concretização desses discursos será a interpretação individual do autor sobre os mesmos, para a qual também contribuirão o espaço e a visualização do sujeito – o meu espaço.
Numa terceira fase, criou-se uma instalação, num espaço fechado e a meialuz, onde o visitante utilizou uma lanterna para explorar o espaço (dos outros) e será surpreendido com alguns dos relatos recolhidos na parte inicial do projeto e outros sons relacionados com a história do mundo/país. 
Esta junção de estímulos auditivos pretendo provocar uma terceira interpretação (a do visitante) desse espaço interior (das pessoas entrevistadas), pela introdução de novos elementos (a interpretação do autor, a descontextualização e descaracterização pessoal desses discursos e a implementação de novos espaços comuns – os sons e o próprio lugar da instalação).
Estas interpretações funcionaram como uma chamada de atenção para a existência de vários espaços e vários lugares-comuns em iguais ou diferentes espaços físicos.

Alguns dos esboços para os espaços criados na instalação

Alguns dos esboços realizados para as fotografias



O ESPAÇO
Foi criada uma instalação, num espaço fechado e escuro, em que o visitante não reconhecesse os limites da sala. Para iluminar existia alguma luz vinda do interior da sala e o visitante levava uma lanterna para poder explorar o espaço através da manipulação do foco de luz. Os limites do espaço foram criados com fotografias impressas em lona e tela amarela, penduradas em estruturas metálicas e de madeira. Existiram aberturas nas “paredes”, não visíveis à primeira vista, por onde o visitante poderia espreitar e visualizar um cenário construído com recurso aos objetos usados.

Algumas das plantas criadas para a estrutura da instalação, vista de cima

Foram realizados vários esboços de como poderia ser construída a instalação de forma a incentivar à exploração do espaço e partindo sempre da ideia inicial de criar estruturas com fotografias que, quando observadas com mais atenção, revelariam espaços com pequenos cenários. Foi sempre tido em conta, que a forma como a instalação fosse construída deveria possibilitar que a mesma pudesse ser facilmente reconstruída e adaptada a outro local. Todos os esboços partem de estruturas que medem entre um metro e oitenta e os dois metros e meio para que não existisse a possibilidade do visitante espreitar para os espaços por cima, uma vez que essa visão dos espaços não potenciaria o efeito pretendido. 

+ medidas da sala | + sala escolhida


A INTERAÇÃO
Toda a instalação foi pensada para potenciar a exploração por parte do visitante. Sem essa interação o local continuava apenas um lugar escuro e sem vida. Por este motivo foi disponibilizada, à entrada, uma lanterna a cada visitante sendo-lhe sugerido que lesse com a luz da lanterna, um pequeno texto que estava antes da instalação propriamente dita. Este momento, para além de servir um pouco como introdução ao tema do projeto, servia também como dica da atitude a tomar quando entrasse no espaço. No interior da instalação foram criados vários níveis de interação e conforme o nível de curiosidade do visitante, este podia conhecer mais ou menos histórias: se o visitante apenas circulasse pelos corredores iria apenas ver as fotografias; se reparasse nas aberturas e até levantasse alguns panos poderia ver os pequenos mundos criados; se se aproximasse, mesmo que não espreitasse pelas aberturas, sem saber podia interagir com os três sensores, que, quando ativados, alteravam o som ambiente acrescentando a este, as histórias de cada espaço. Numa interação mais completa, o visitante podia dosear a quantidade e localização da luz na observação das fotografias, espaços e objetos; decidir a distância a que queria observar os elementos; levantar os panos; espreitar pelas aberturas; decidir quanto das histórias de cada espaço queria ouvir (afastando-se ou aproximando do sensor); espreitar pela abertura do espaço central (por baixo) e manipular os objetos que estavam dentro do armário (álbum de fotografias). Para além da informação sobre a necessidade da utilização da lanterna dada logo à entrada e que servia como uma explicação de como explorar a instalação, não se pretendia influenciar (nem restringir) as pessoas com a interferências sobre a atitude certa a tomar para explorar o local. Por isso, criou-se a entrada para o acolhimento ao visitante que também funcionava como barreira para o exterior, pois fechava a abertura da sala e separava o visitante do vigilante, dando-lhe a liberdade para escolher o que fazer. No entanto, no início dos dois corredores foram colocadas pistas que podiam apoiar um visitante mais hesitante na exploração do resto da instalação (no lado direito existia uma abertura maior que chamava mais a atenção do público e que até dava espaço para ‘enfiar’ a cabeça e no lado esquerdo existia um pano para levantar onde tinha sido bordada a mensagem ‘levante para espreitar, por favor’.